O carioca que se tornou um dos homens mais ricos da África no Século XIX

Francisco Olympio da Silva

Francisco Olympio da Silva (Rio de janeiro, 24 de julho de 1833 – Aguê, 1907) nasceu na então capital do Brasil Império em 1833, filho de pai português e mãe africana partiu para África aos 17 anos de idade como tripulante de um navio negreiro pertencente a Cerqueira Lima, traficante de escravos baiano, tendo desembarcado em Adina, na costa do atual Gana.

No final da década de 1850 transferiu-se para Aguê, depois de uma temporada na cidade de Agbodrafo, também conhecida como Porto Seguro, no atual Togo. Em Agoue (hoje no Benin) foi recebido por Francisca Mondukpê Pereira Santos, tendo se casado com sua filha Talita Constância
Quando Francisco Olympio se mudou para Agoue, a cidade já ostentava uma grande comunidade afro-brasileira. Os primeiros brasileiros chegaram por volta de 1835. Sob a liderança de Joaquim d’Almeida, ex-escravo brasileiro, a cidade tornou-se um forte centro do cristianismo. A primeira igreja católica estabelecida na chamada Costa dos Escravos foi ali construída por uma mulher afro-brasileira chamada Venosa de Jesus.
Durante várias décadas o principal negócio de Agoué foi o comércio de escravos. Então, a repressão britânica ao comércio de seres humanos, a partir da década de 1850, obrigou os afro-brasileiros, que lucrativamente se engajaram nele, a mudar para o comércio legal.
Francisco Olympio, que havia recebido uma concessão de terras de uma das lideranças indígenas de Agoue, pelos serviços prestados à comunidade durante a guerra com Petit-Popo (hoje Anecho, no Togo), procedeu à criação de uma casa comercial. A partir desse momento, Agoue tornou-se a sede da família Olympio na África.

Em 1864 Olympio ainda operava em Porto Seguro e foi incluído em uma lista dos poucos comerciantes de escravos remanescentes importantes na região. Nos próximos anos, um incêndio destruiu a casa de sua família e a casa comercial.
Quando Francisco se instalou em Agoue, ele havia abandonado o sobrenome Silva, possivelmente porque o nome o lembrava de seu tempo como comerciante de escravos. Ele também havia adotado o costume local da poligamia. Passou a construir uma grande família, com sete mulheres diferentes.

Com seus navios apreendidos pela Marinha Britânica, Olympio teve de abandonar o tráfico negreiro para dedicar-se ao comércio do azeite de dendê nos anos de 1870, tendo se tornado um dos maiores comerciantes da Costa.
Nos seus 74 anos de vida, sem ter jamais retornado ao Brasil, Francisco Olympio teve 21 filhos com suas sete esposas, bem como outros filhos naturais a quem ele deu também o seu sobrenome. Ensinou português a todos os seus filhos, sendo que alguns vieram estudar no Brasil. A sede da família se encontra até hoje em Aguê, cidade cujo cemitério abriga os túmulos do fundador e da maior parte de seus descendentes diretos. Foi na região que é atualmente a República do Togo que os Olympio se estabeleceram e adquiriram uma imensa notoriedade. O primogênito de sua primeira esposa Talabi Constância Pereira dos Santos, Octaviano Olympio (1859-1940), educado no Brasil, foi um dos fundadores da cidade de Lomé, onde ele mantinha várias plantações. Quando os alemães se instalaram no Togo, foi Octaviano quem os recebeu e traduziu as suas propostas para os chefes locais. Um de seus filhos, chamado Pedro, foi o primeiro togolês a se formar em medicina e abriu, na década de 1930, a primeira clínica privada africana no país.

Sylvanus Olympio, um dos 30 netos de Francisco Olympio foi o primeiro presidente da Assembleia Representativa do Togo quando ainda estava sob o domínio francês e foi o primeiro a pedir a independência do país antes de se tornar o primeiro presidente da República do Togo nos anos de 1960.

Francisco Olympio da Silva

 

Fonte: Afro-Brazilians in Togo
The case of the Olympio family, 1882-1945.

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